O famoso Dionísio, tirano de Silícia, condenou à morte um cidadão. Foram inúteis as lágrimas, os rogos e tudo foi insuficiente para convencer aquele coração de pedra. – Vou lhe pedir um último favor – disse o réu a Dionísio. – Tudo te concederei, menos a vida. – Tenho mulher e filhos; meus negócios acham-se em más condições, minha família ficará completamente arruinada, se eu mesmo não for deixar tudo em ordem. – É impossível o que você pede – disse Dionísio. – Escute, sou homem que cumpro minha palavra. Se o senhor me conceder 10 dias, juro que antes que se finde o prazo estarei à sua disposição. Ante nova negativa de Dionísio, propôs, então: – Se eu encontrar um amigo que se encerre na prisão e que sua cabeça responda pela minha, me dará, ó rei, a licença? – Quantos dias você precisa? – perguntou o rei. – Dez dias. – Se há alguém que responda por você, lhe darei vinte dias. Aquela mesma tarde o réu se pôs a caminho, pois um amigo se tornou o prisioneiro. Passaram-se 10 dias, 12, 15, 19 dias, chegou o 20º dia e tudo estava pronto para a execução e o condenado não chegava. Dionísio foi à prisão, encontrou o substituto do réu com bom humor. – Você sabe que dia é hoje? – perguntou o rei. – Eu sei, ó rei Dionísio, é o 20º dia. – Você sabe que morrerá às 12 horas. E você não teme a morte? – Sei que não morrerei. – Por acaso você espera que eu lhe perdoe? – Não; espero que meu amigo volte e tenho certeza que virá. Dionísio contemplou-o cheio de assombro e, admirado pela certeza daquele homem, permaneceu mudo por um grande espaço de tempo. Pouco antes de soar a hora fatal, conduzira o réu ao lugar da execução e Dionísio seguiu o acompanhamento até o cadafalso. O verdadeiro condenado não se apresentava. O carrasco afiava a espada homicida com que lhe havia de cortar a cabeça. A hora se aproximava, quando de repente ouviram um grito: – Esperem! Esperem! – E foi então visto um homem a toda pressa abrindo caminho entre a multidão. Com efeito, chegara o verdadeiro réu ao pé do cadafalso e atirando-se aos pés do rei, exclamou: "Obrigado! Obrigado!" Depois abraçou a seu amigo, e dirigindo-se ao carrasco, disse: – Aqui está minha cabeça, corte-a. – Não, eu lhe perdoo – acudiu o rei. Mas há uma condição: vocês são dois amigos, quero que de agora em diante sejamos três. Deus é digno de tal fidelidade. |
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Fidelidade
Postado por
DEJAD JARDIM LOLA
às
17:45
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