sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Quem, eu?


Quem, eu?
 
Quem fez a boca do homem? ou quem faz o mudo ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hás de falar. Êxodo 4:11,12

Sempre que você imaginar o que Deus poderia estar pen­sando quando chamou alguém como você para uma aven­tura tão extraordinária de fé, lembre-se de um pastor idoso, mal-humorado e com um registro de trabalhos malfeitos. Seu nome era Moisés. Um dos maiores líderes do Antigo Testa­mento foi também um dos mais relutantes.
Sua história começou nos cafundós de Midiã, uma região desolada do leste da península do Sinai. Depois de um começo promissor como filho adotado na corte de Faraó, as coisas começaram a degringolar rapidamente.
Um dia observou um capataz egípcio batendo em um israelita. Enraivecido e pensando que ninguém o via, Moisés matou o egípcio e o enterrou na areia. No dia seguinte, quan­do tentou separar dois israelitas que brigavam, um deles dis­se: "Quem o nomeou líder e juiz sobre nós? Quer matar-me como matou o egípcio?" (Êx 2:14, NVI)
Sentindo-se rejeitado pelo próprio povo e denunciado como assassino, Moisés foge. Durante quarenta anos fica es­condido no deserto pastoreando ovelhas, um homem que fugia do fracasso e da vergonha.
Mas Deus ainda tinha planos para Moisés. Um dia lhe fala de uma sarça ardente, e o que apresenta é uma proposta: "Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó", diz Deus, "para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egi­to" (Êx 3:10).
Diante das circunstâncias e de seu passado, a reação de Moisés é compreensível. "Quem sou eu?", ele pergunta. Qua­se podemos ver sua boca se escancarando. O futuro divino extraordinário para ele lançou-o em uma crise de identidade total.
Você reconhece esse tipo de reflexo? Deus planta uma se­mente em seu espírito — um plano fora do comum, estimu­lante, para alargar seu território em nome dele. Mas você vê algumas coisas que Deus deve ter esquecido.
Você vê, por exem­plo, o que os "outros" que foram bem-sucedidos parecem ter e você não tem. Você vê o que seria necessário para o sacrifí­cio pessoal. Você vê sua própria existência triste, passado ques­tionável, personalidade difícil e habilidades enferrujadas...
Por que os planos extraordinários de Deus para você não o lançariam em uma crise de identidade?
Se você examinar a narrativa da conversa entre Moisés e Deus (Êxodo 3-4), verá Moisés apresentando uma objeção após outra para o destino que Deus tem em mente para ele:

• Quem sou eu para ir?
• Quem sou eu para liderar?
• Quem direi que me enviou?
• E se não acreditarem em mim?

Depois de dizer a Deus que sua falta de qualificação prin­cipal é que ele não é um bom orador, Moisés finaliza sua defesa com um pedido desesperado: "Ó Senhor, por favor, mande outra pessoa para fazer isso!"
Mas Deus insiste. E prevalece.
Espero que você não ignore este impasse do deserto, como se fosse uma dramatização na Escola Dominical, apresenta­da com sandálias de plástico, barbas de algodão e ovelhas de papelão. Esta é uma crise de identidade, e é o momento de definição na vida de Moisés. Veja, todas as suas perguntas e preocupações são boas. E todos os seus sentimentos de falta de adequação são reais. Mas, depois que Moisés diz sim, Deus usa esse pastor tímido e relutante para realizar um dos feitos de liderança mais espantosos da história.
Se você ainda não chegou a esse ponto decisivo, vai che­gar um dia. Como posso saber? Porque para realizar a mila­grosa obra do reino por seu intermédio, Deus vai ter de chamá-lo, apesar da verdade a seu respeito, e lhe mostrar que o que realmente importa é a verdade a respeito dele. Ele vai lhe dizer, como disse a Moisés: "Eu sou Deus". "Eu o estou enviando." "Meu poder e minha presença vão acompanhá-lo." "Eu nunca o abandonarei."
Esse será o início de sua nova identidade — um herói im­provável cujo Deus é forte, amoroso, confiável e presente o bastante para realizar qualquer coisa para a qual ele o chama a fazer.
Caso um dia fique imaginando o que Deus poderia estar pensando quando chama alguém como você, leia o eloquente discurso de despedida do pastor (todo o livro de Deuteronômio). Encontrará um homem tão transformado por toda uma vida observando o que Deus pode fazer que não passa um minuto falando do que ele pode ou não pode fazer.

Extraído do Devocional A Oração de Jabez de Bruce Wilkinson e David Kopp

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